Não sei se é uma nostalgia, não sei se é uma sensação oca, o que sei é entramos
na contagem decrescente para a marcha das alegorias. Ainda é tudo muito
estranho...o ano começou agora e parece tão suspenso, suspenso de nada e cheio
de tudo. De ecos que vagam na minha mente e consomem a vaga sensação que tenho
de estar viva. A queda é livre, o para-quedas abriu, mas a sensação ficou
suspensa no ar como um mistério, como uma sensação de estufa que nos embala mas
permanece calada e fria. É estranho pensar que entramos na marcha final até ao
ponto do circo. É mais estranho ainda pensando tudo o que está em jogo neste tempo até á
marcha final das alegorias. É estranho pensar na solidão da alma e do coração,
quando tenho mente quem enche o meu sorriso de fofura. Também por isso e acima de
tudo por isso, as decisões que precisavam ser feitas, ainda que de forma apressada e
sem jeito, foram feitas. Ainda que a lança cortasse o coração em pedaços, a
promessa do futuro era mais forte que o consumo presente das sensações. É para
um bem maior, para me voltar a encontrar, para descobrir o meu propósito e
depois repousar, com a certeza que as feridas estão curadas, a carapaça está
consertada e os pés estão inteiros e prontos para te apoiar e segurar quando
precises ou sempre que queiras. É para ser digna de te representar que me encontro
na marcha, sem medo mas cautelosa. porque a vida essa, não pára e os belos ainda
não se veem daqui.
Ouvi, senti
O corpo a carregar
Seguimos assim
Um e outro, um e outro, um e outro
Sou queda livre
Aviso quando lá chegar
Entrego-me aqui
Pouco a pouco
Passos largos, presa na partida
Quero largar o que me deixou ferida
Peço à estrela mãe que faça o dia
Nascer de novo (Ainda arde!)
Transformei cada verso de mim
E entregue à coragem
Que ainda arde, ainda arde
Bate a luz no peito e abre
Sou chama que ainda arde
Ainda arde, ainda arde!
Hoje eu quero provar a mim mesma
Que posso ser o que eu quiser
Juntar quem me quer bem numa mesa
Perdoar quem me quis ver sofrer
A mim não me enganam (Não! Não!)
Eu sou todo o tamanho (Sou!)
Ainda lembro, quando era pequena
Eu sonhava primeiro
Passos largos, presa na partida
Hoje eu largo aquilo que me deixou ferida
E peço à estrela mãe que faça o dia
Nascer de novo
(Ainda arde!)
Transformei cada verso de mim
E entregue à coragem
Que ainda arde, ainda arde
Bate a luz no peito e abre
Sou chama que ainda arde
Ainda arde, ainda arde!
Sou chama que ainda arde, ainda arde
Sou chama que ainda arde, ainda arde
Arde, arde… Transformei cada verso de mim
E entregue à coragem
Que ainda arde, ainda arde
Bate a luz no peito e abre
Sou chama que ainda arde
Ainda arde, ainda arde!
Iolanda "Grito"